10 maio 2009

O Poder da Desinformação

Frequentemente vêm a público vários economistas alertar para a gravíssima situação do nosso país. Olham numa perspectiva de dívida pública, de endividamento, falam de atrasos estruturais, são muito genéricos, mas grosso modo quase todos evitam o verdadeiro problema.

O grande problema como aparentemente terá dito Che Guevara, é a falta de educação das pessoas, que por esse motivo são muito fáceis de enganar.

É certo que ele defendia o comunismo, e na verdade em termos de princípios o comunismo até tem tudo para ser uma coisa boa. O problema é que depois em todas as experiências práticas acabou por se revelar um fracasso levando a uma pobreza generalizada, a um modelo de trabalho semelhante à escravatura e ao completamente esmagamento das liberdades e gostos individuais.

Mas o comunismo continua a funcionar lindamente em termos de campanhas eleitorais. E a explicação é simples, uma pessoa que tenha 10 milhões de euros é riquíssima, para uma pessoa que ganha o ordenado mínimo. Como tal qualquer comunista facilmente convence as pessoas dessa injustiça, que o que tem devia ser distribuído pelos pobres.

Só que como qualquer pessoa sabe 10 milhões de euros, distribuídos por 10 milhões de pessoas, dá 1 euro para cada uma, ou seja, do ponto de vista prático não tem resultados significativos, ou seja, são modelos apenas pensados para explorar a falta de conhecimentos das pessoas.

Obviamente que aplicando a todos os ditos "ricos" e "poderosos" em Portugal, talvez desse mil euros a cada um, mesmo com mil euros a cada um, a melhoria na vida das pessoas seria assim tão significativa? Claro que não.

Como tal, todos estes partidos, quando se apanham no poder, começam automaticamente a tentar introduzir uma ditadura, porque a realidade o que eles prometeram não é matematicamente possível e nunca foi. Quem estiver atento às lides partidárias dos partidos comunistas em Portugal já deve ter reparado que qualquer membro do partido que discorde publicamente e frontamente do líder é automaticamente expulso ou no mínimo posto de parte.

Para além do mais estes partidos sabem que em países como Portugal, a riqueza nacional está a fugir do país, ou seja, quando menos riqueza há no país, menor é a riqueza total que em teoria se poderia distribuir por todos. É por isso que em muitos países comunistas existem fortes contenções em termos de importações e compras por atacado para conseguir melhores preços, em deterimento da variedade de produtos.

Mas estruturalmente não se têm feito nada em Portugal, porquê? Porque provavelmente o golpe de estado militar que tivemos em Portugal foi autorizado pelo próprio governo de então, para evitar uma revolução comunista. Porque, ora vejamos existia uma onda comunista a varrer o país, o país estava numa situação económica muito má, o que aumentava em muito a probabilidade de uma revolução.

A Igreja Católica ainda tentou travar a investida, assustando as pessoas com o monstro do comunismo, como por exemplo é possível ver nalguma associação feita em torno das aparições de Fátima.

Mas porque é que isto é relevante, porque em Portugal antes do 25 de Abril, as pessoas viviam numa grande pobreza, num modelo de autêntica escravatura, obviamente que existiam muitos abusos (ainda os existem) e foi neste contexto que o comunismo se espalhou como a solução para o problema, bastando para isso apreender os bens dos proprietários dos terrenos.

Com o 25 de Abril, os governos que se seguiram tentaram seguir as ideias do comunismo que era o que o povo queria, mas tentando evitá-lo, recorrendo um bocado à Igreja Católica que temia o Comunismo por este ser fortemente ateu. Alguns teóricos dizem que o socialismo português foi formado por comunistas que foram rejeitados pelo partido comunista e que apenas se diferenciaram para serem eleitos.

Não sei exactamente quando, nem a sua extensão, mas sei que após o 25 de Abril, realizaram muitas nacionalizações e começaram cada vez mais a introduzir direitos para os trabalhadores e a aumentar os seus ordenados. Obviamente que os partidos de esquerda continuaram a vender mais direitos e riqueza que nunca existiu.

Como essa riqueza não existe, e não é possível dar direitos a uma pessoa sem tirar direitos a outra, nunca foi possível a nenhum governo resolver o problema de vez. Ao invés disso, foram manipulando a realidade mas numa perspectiva eleitoral.

O truque na realidade é muito simples, a grande maioria dos portugueses (80% ou mais) trabalha em empresas com uma dimensão muito reduzida, onde graças à reduzia dimensão da empresa não existem estruturas que permitam lidar com os empregados de forma adequada.

Nem especialistas em recursos humanos, nem psicologos organizacionais, nem advogados especialistas em código do trabalho, nem testemunhas suficientes para fazer prova em tribunal, nem departamentos para enfiar indesejáveis, nem outros postos ou instalações para separar colegas em conflito, etc.

Ou seja basta muitas vezes um e só um trabalhador para levar uma empresa à falência.

Normalmente o que sucede é um regime de abusos por parte dos empregados, em que geralmente têm um ordenado completamente dissociado daquilo que produzem, sendo que ou são os colegas que pagam o seu ordenado do seu trabalho ou é o próprio patrão que trabalha para lhe pagar o ordenado.

O resultado disto é muito simples, estas empresas apresentam um indice de rentabilidade muito baixo comparativamente com as grandes empresas que têm todos esses mecanimos de protecção, mas só empregam 20% ou menos dos trabalhadores.

Este fenómeno está amplamento estudado, mas nada se faz porque 80% dos trabalhadores estão em empresas onde eles têm mais direitos que os ditos patrões, os casos em que ocorrem as injustiças representam uma fracção menor dos trabalhores. E nessas empresas não há nada a fazer, porque mesmo como está a situação actualmente muitas delas já evitam instalar-se em Portugal por causa disso e recorrem fortemente ao trabalho temporário.

Faz sentido grandes empresas tecnológicas instalarem-se em Portugal graças a subsídios terem a grande maioria dos seus Engs subcontratados através de empresas de trabalho temporário? Claro que não, mas se não for assim, elas não vêm.

O grande problema é que ao longo de 30 anos, a educação falhou, e após mais de 30 anos a prometer direitos que não são possíveis, as pessoas estão à beira da ruputura, embora alguns especialistas achem que as pessoas talvez aguentem mais umas dezenas de anos. Mas o mais preocupante é que o nosso país não suporta os direitos actuais, ou se aumenta a riqueza ou se diminuem os direitos e esse é o problema.

E porque é que é problema? É que para aumentar a riqueza é preciso dinamizar a economia, e o melhor sítio para o fazer é junto das PMEs e para isso é preciso mudar o código do trabalho radicalmente, para um modelo em que o estado é uma grande empresa de trabalho temporário.

Porque alguns direitos são legítimos, mas são legítimos numa perspectiva de país, mas não numa perspectiva de uma empresa, porque certos direitos numa grande não causam mossa, mas numa pequena causam falência.

Mas mesmo para as pessoas é pior, e até elas sabem, pois preferem trabalhar em grandes empresas apesar dos abusos que estas praticam. Porque como as pequenas são muito vulneráveis e basta um trabalhador, por muito bom que seja fazer pouco do patrão, o risco de desemprego ou de falência e não levar indeminização é algo sempre muito assustador.

Por isso não só a desinformação nos levou até uma situação económica lamentável, como a desinformação nos impede de enfrentar a realidade e tomar as decisões necessárias. Mas existem eleições em disputa e há que disputar os lugares do poleiro.