15 julho 2009

O problema da fusão de papéis

Hoje um dos temas quentes do twitter foi precisamente a questão da segurança, ou melhor dizendo das suas falhas de segurança.

Existem quanto a mim, duas grandes fontes destes problemas, por um lado os clientes, sejam internos ou externos, pagam funcionalidades e dão a segurança como um dado adquirido, os prazos são geralmente apenas pensado em termos de funcionalidades, por outro lado, existe o problema da fusão de papeis, tarefas que deviam ser executadas por pessoas diferentes são na realidade executadas pelas mesmas pessoas.

Mesmo no caso do desenvolvimento de software, o developer têm um reforço positivo quando os testes correm, e um reforço negativo quando quebram.

Como o seu cérebro funciona no sentido dos reforços positivos, isto motiva o developer a corrigí-los e a não quebrá-los, mesmo quando tem mesmo de o fazer para avançar.

A situação piora quando o developer quer testar a sua aplicação, criando novos testes, sendo de certa forma traído pelo seu próprio cérebro que não o ajuda a criar bons testes para o quebrar.

No entanto existem possíveis soluções, como gerar testes aleatóriamente ou todos os casos possíveis (quando é possível), ou recorrer apenas aos use-cases e depois ir adicionando à medida que vão sendo reportados bugs.

Mas a melhor solução é sem dúvida ter um tester especializado, idealmente até pode ser um gajo do contra, cujo prazer lhe vem apenas de encontrar falhas no trabalho dos outros, o que importa é que ele tenha prazer em encontrar bugs e a reportá-los para que possam ser criados os testes.

Quando falamos em termos de segurança, a situação é ainda mais complicada, porque normalmente as consequências são maiores, pelo que a questão dos reforços é ainda mais evidente.

Obviamente não é dizer que o developer não deva perceber de segurança, claro que sim, o máximo possível, mas o objectivo dele é protecção, o tester é penetração.

Eu sou a favor de disputas amigáveis entre developers e testers.

25 junho 2009

Público vs Privado

Existe uma coisa que eu acho uma certa piada, é que as pessoas acham que só tem mal tornar as coisas públicas, que privadas não faz mal.

Seja o que se for que se faça, desde que fique privado, que nunca se saiba, que ninguém saiba, não faz mal.

E se souber desde que ninguém acredite, que quem o disser caia no ridículo, não tem mal.

Então e os factos, a verdade, já nada disso importa?

Serei assim tão idealista?

PS: Eu sei, já pareço um jornalista... LOL

20 junho 2009

Porque é que ninguém investiga em Portugal

Tecnologicamente falando, o meu cavalo de batalha, é algo que se pode considerar como um dialecto de Model Driven Architecture ou Intentional Programming.

Já não basta em Portugal a mentalidade ser muito contra quem se atreve a fazer alguma coisa, volta e meia uma pessoa leva com investidas que tentam de alguma forma desacreditar o trabalho de anos e se possível sacar alguma coisa para re-implementarem ou fazerem bonito numa entrevista de trabalho.

Por exemplo, já me pediram directamente para explicar como funcionava a minha framework de testes para que fizessem boa figura num emprego (do qual acabou por ser despedido pouco depois), e tive uma reacção muito negativa quando tentei explicar que a pessoa estava a querer que lhe desse meses de trabalho em troca de nada.

Há uns tempos tive uma longa discussão com um desses amigos que me confrontou com uma framework de MDA em questão, e até lhe fiz o favor de a analisar e de a comparar. De facto era uma framework bastante evoluída face à minha, no entanto algumas especificadades da minha fazem-me com que por agora continue com ela. O que não quer dizer que no futuro a minha decisão seja a mesma ou que se fosse começar agora teria começado a minha em vez de usar directamente essa.

À uns tempos, porém falei com uma pessoa que admirei ao longo do meu curso no IST, era um colega mais velho que sempre admirei pelos seus vastos conhecimentos e projectos em que se envolvia com resultados positivos.

Expliquei-lhe em linhas gerais a minha linha de trabalho, ele depois pediu-me que lhe explicasse e mostrasse um pouco da DSL principal que uso. Quando ele me perguntou que vantagens tinha em relação a um qualquer outro ambiente de desenvolvimento, fiquei um pouco estupefacto e respondi-lhe as vantagens genéricas destas abordagens como independência de plataforma ou separação de preocupações.

Mas se aquilo em que trabalho é completamente irrelevante em termos de produtividade, porque é que o Intentional Programming que é um projecto de investigação com mais de 20 anos ou se investe tanto em MDA? Porque é que a Microsoft vai lançar no próximo VS suporte a DSLs? Acho que nem merece resposta.

Obviamente que não vou discutir aquilo que se pode ou não fazer com uma dada linguagem, até porque com assembly consegue-se fazer tudo, mas o que se estava a discutir era o que tenho andado a investir, ao que ele reduz a nada porque não vê nada para além do que já existe no mercado.

Mesmo que todo o meu investimento seja completamente inútil, é sempre prematuro dar uma opinião dessas sem ver mais detalhes.

Quando ele me perguntou pela DSL, ele já se tinha decidido, porque quando se redus todo um trabalho a uma DSL, muito já se perdeu. Porque em situações normais, estaria mais preocupado em perguntar-me por plataformas, linguagens, toolkits, etc.

É como reduzir um browser ao HTML.

Agora resta saber qual a intenção dele, se estaria a pensar em como re-implementar, se estaria meramente a reagir à portuguesa e a deitar abaixo, just because.

Uma coisa é certa, se uma pessoa tem interesse em ajudar, o seu interesse surge muito antes da DSL, quer saber outros pormenores, desde quando o HTML ou o XHTML são o mais importante num browser?, como tal não faz sentido prolongar a conversa just because.

Não vale a pena contar novamente a experiência da gaiola dos macacos e das bananas, mas parece-me que no caso dele, ele também já está a espancar.

10 maio 2009

O Poder da Desinformação

Frequentemente vêm a público vários economistas alertar para a gravíssima situação do nosso país. Olham numa perspectiva de dívida pública, de endividamento, falam de atrasos estruturais, são muito genéricos, mas grosso modo quase todos evitam o verdadeiro problema.

O grande problema como aparentemente terá dito Che Guevara, é a falta de educação das pessoas, que por esse motivo são muito fáceis de enganar.

É certo que ele defendia o comunismo, e na verdade em termos de princípios o comunismo até tem tudo para ser uma coisa boa. O problema é que depois em todas as experiências práticas acabou por se revelar um fracasso levando a uma pobreza generalizada, a um modelo de trabalho semelhante à escravatura e ao completamente esmagamento das liberdades e gostos individuais.

Mas o comunismo continua a funcionar lindamente em termos de campanhas eleitorais. E a explicação é simples, uma pessoa que tenha 10 milhões de euros é riquíssima, para uma pessoa que ganha o ordenado mínimo. Como tal qualquer comunista facilmente convence as pessoas dessa injustiça, que o que tem devia ser distribuído pelos pobres.

Só que como qualquer pessoa sabe 10 milhões de euros, distribuídos por 10 milhões de pessoas, dá 1 euro para cada uma, ou seja, do ponto de vista prático não tem resultados significativos, ou seja, são modelos apenas pensados para explorar a falta de conhecimentos das pessoas.

Obviamente que aplicando a todos os ditos "ricos" e "poderosos" em Portugal, talvez desse mil euros a cada um, mesmo com mil euros a cada um, a melhoria na vida das pessoas seria assim tão significativa? Claro que não.

Como tal, todos estes partidos, quando se apanham no poder, começam automaticamente a tentar introduzir uma ditadura, porque a realidade o que eles prometeram não é matematicamente possível e nunca foi. Quem estiver atento às lides partidárias dos partidos comunistas em Portugal já deve ter reparado que qualquer membro do partido que discorde publicamente e frontamente do líder é automaticamente expulso ou no mínimo posto de parte.

Para além do mais estes partidos sabem que em países como Portugal, a riqueza nacional está a fugir do país, ou seja, quando menos riqueza há no país, menor é a riqueza total que em teoria se poderia distribuir por todos. É por isso que em muitos países comunistas existem fortes contenções em termos de importações e compras por atacado para conseguir melhores preços, em deterimento da variedade de produtos.

Mas estruturalmente não se têm feito nada em Portugal, porquê? Porque provavelmente o golpe de estado militar que tivemos em Portugal foi autorizado pelo próprio governo de então, para evitar uma revolução comunista. Porque, ora vejamos existia uma onda comunista a varrer o país, o país estava numa situação económica muito má, o que aumentava em muito a probabilidade de uma revolução.

A Igreja Católica ainda tentou travar a investida, assustando as pessoas com o monstro do comunismo, como por exemplo é possível ver nalguma associação feita em torno das aparições de Fátima.

Mas porque é que isto é relevante, porque em Portugal antes do 25 de Abril, as pessoas viviam numa grande pobreza, num modelo de autêntica escravatura, obviamente que existiam muitos abusos (ainda os existem) e foi neste contexto que o comunismo se espalhou como a solução para o problema, bastando para isso apreender os bens dos proprietários dos terrenos.

Com o 25 de Abril, os governos que se seguiram tentaram seguir as ideias do comunismo que era o que o povo queria, mas tentando evitá-lo, recorrendo um bocado à Igreja Católica que temia o Comunismo por este ser fortemente ateu. Alguns teóricos dizem que o socialismo português foi formado por comunistas que foram rejeitados pelo partido comunista e que apenas se diferenciaram para serem eleitos.

Não sei exactamente quando, nem a sua extensão, mas sei que após o 25 de Abril, realizaram muitas nacionalizações e começaram cada vez mais a introduzir direitos para os trabalhadores e a aumentar os seus ordenados. Obviamente que os partidos de esquerda continuaram a vender mais direitos e riqueza que nunca existiu.

Como essa riqueza não existe, e não é possível dar direitos a uma pessoa sem tirar direitos a outra, nunca foi possível a nenhum governo resolver o problema de vez. Ao invés disso, foram manipulando a realidade mas numa perspectiva eleitoral.

O truque na realidade é muito simples, a grande maioria dos portugueses (80% ou mais) trabalha em empresas com uma dimensão muito reduzida, onde graças à reduzia dimensão da empresa não existem estruturas que permitam lidar com os empregados de forma adequada.

Nem especialistas em recursos humanos, nem psicologos organizacionais, nem advogados especialistas em código do trabalho, nem testemunhas suficientes para fazer prova em tribunal, nem departamentos para enfiar indesejáveis, nem outros postos ou instalações para separar colegas em conflito, etc.

Ou seja basta muitas vezes um e só um trabalhador para levar uma empresa à falência.

Normalmente o que sucede é um regime de abusos por parte dos empregados, em que geralmente têm um ordenado completamente dissociado daquilo que produzem, sendo que ou são os colegas que pagam o seu ordenado do seu trabalho ou é o próprio patrão que trabalha para lhe pagar o ordenado.

O resultado disto é muito simples, estas empresas apresentam um indice de rentabilidade muito baixo comparativamente com as grandes empresas que têm todos esses mecanimos de protecção, mas só empregam 20% ou menos dos trabalhadores.

Este fenómeno está amplamento estudado, mas nada se faz porque 80% dos trabalhadores estão em empresas onde eles têm mais direitos que os ditos patrões, os casos em que ocorrem as injustiças representam uma fracção menor dos trabalhores. E nessas empresas não há nada a fazer, porque mesmo como está a situação actualmente muitas delas já evitam instalar-se em Portugal por causa disso e recorrem fortemente ao trabalho temporário.

Faz sentido grandes empresas tecnológicas instalarem-se em Portugal graças a subsídios terem a grande maioria dos seus Engs subcontratados através de empresas de trabalho temporário? Claro que não, mas se não for assim, elas não vêm.

O grande problema é que ao longo de 30 anos, a educação falhou, e após mais de 30 anos a prometer direitos que não são possíveis, as pessoas estão à beira da ruputura, embora alguns especialistas achem que as pessoas talvez aguentem mais umas dezenas de anos. Mas o mais preocupante é que o nosso país não suporta os direitos actuais, ou se aumenta a riqueza ou se diminuem os direitos e esse é o problema.

E porque é que é problema? É que para aumentar a riqueza é preciso dinamizar a economia, e o melhor sítio para o fazer é junto das PMEs e para isso é preciso mudar o código do trabalho radicalmente, para um modelo em que o estado é uma grande empresa de trabalho temporário.

Porque alguns direitos são legítimos, mas são legítimos numa perspectiva de país, mas não numa perspectiva de uma empresa, porque certos direitos numa grande não causam mossa, mas numa pequena causam falência.

Mas mesmo para as pessoas é pior, e até elas sabem, pois preferem trabalhar em grandes empresas apesar dos abusos que estas praticam. Porque como as pequenas são muito vulneráveis e basta um trabalhador, por muito bom que seja fazer pouco do patrão, o risco de desemprego ou de falência e não levar indeminização é algo sempre muito assustador.

Por isso não só a desinformação nos levou até uma situação económica lamentável, como a desinformação nos impede de enfrentar a realidade e tomar as decisões necessárias. Mas existem eleições em disputa e há que disputar os lugares do poleiro.

27 abril 2009

Ilusionismo

O ilusionismo é um espectáculo legal que apenas não é fraude porque o ilusionista se farta de avisar que a magia não existe e que são apenas truques.

O motivo pelo qual funciona é que o nosso cérebro quer apenas respostas simples, não quer explicações complicadas, embora muitos sejam na verdade pequenos movimentos ou distracções que iludem o nosso cérebro, a verdade é que a grande maioria deles são mesmo muito elaborados.

Qualquer um de nós seria capaz de inventar possíveis explicações para a grande maioria dos truques, mas a verdade é que nos sentimos muito inseguros ou mesmo envergonhados em dizê-las alto, de aparentemente tão rebuscadas ou complexas. Pensamos sempre que a verdadeira deverá ser bem mais simples.

Mas a verdade, como pela Internet se encontra ou na série Segredos da Magia que passou na SIC, é que a grande maioria dos truques são efectivamente extremamente complexos e rebuscados, recorrendo a tudo, desde a ilusões ópticas, a máquinas complexas inventadas e fabricadas para o efeito, inúmeros auxiliares nos bastidores, dispositivos tecnológicos high-tech, etc.

No entanto, todos nos continuamos a deixar enganar, porquê? Porque queremos coisas simples. Queremos acreditar que existe uma solução simples mas que simplesmente não conseguimos encontrá-la. Mas mesmo sabendo que não é simples, continuamos à procura da simples, estúpido não é?

O problema desta falha do nosso cérebro é que não é só explorada comercialmente pelos ilusionistas. Na verdade é explorada por um grupo muito vasto da nossa sociedade, os sociopatas, que na realidade se baseiam precisamente neste princípio para levar as suas tramoias avante sem serem apanhados.

Como? Muito simples, elaboram planos extremamente complicados que passam por sangram ou utilizar pessoas para os seus fins, que poderão ser apenas ascensão laboral, política ou social, extorsão, roubo, tráfico de influências, sabotagem, etc.

Aproveitando este princípio aquilo que dizem é muito credível porque não só é extramente plausível, como é extramente simples, como tal o nosso cérebro agarra-se a essas verdades com unhas e dentes como se fossem mesmo verdade. Embora na grande maioria dos casos nem sequer tenham quaisquer factos a sustentar.

A minha história é precisamente uma história assim, muito complicada em que ninguém quer acreditar. De tudo o que me acusam sou culpado apenas de ter feito aquilo que sociopatas me obrigaram a fazer, quer por coação quer por chantagem. Porque na verdade eu bem sabia que as coisas que me obrigavam a fazer me estavam a lixar, mas não tinha escolha porque aceitei ajuda de quem jamais poderia ter aceitado ajuda.

E quando se cai nas garras de sociopatas, é muito complicado sair, as pessoas colocam-se todas do lado deles, por mais provas que se tenha de inocência, de valor, de mérito, de potencial, as pessoas viram-nos todas as costas, cospem-nos na cara, como se fosse-mos os maiores canalhas à face da terra.

Mas claro, os sociopatas reconhecem facilmente a assinatura uns dos outros como tal, percebem que se um anda a pairar em torno de uma pessoa, pessoas ou uma empresa é porque existe ali algo de interessante, mesmo que ninguém mais o assim perceba.

Percebem que existe ali algo de valor que o outro sociopata está a tentar extrair sem dar nas vistas, em termos de empresas normalmente a extratégia passa por levar a empresa à falência, mas de uma forma que ninguém dê valor nenhum, para que ninguém a queira comprar.

Por exemplo, no caso da minha empresa, um dos grupos de sociopatas que se infiltrou tratou de em primeiro lugar redireccionar todos os potenciais clientes para outras empresas, e como infelizmente tinham acesso aos clientes da empresa e me impediram de realizar contratos com os mesmos, conseguiram eficazmente sabotar-me a partir de dentro e por fora.

Uma vez com o contacto de um potencial cliente ou cliente a estratégia é simples, basta um telefonema para o potencial cliente ou cliente fornecendo uma mistura de informações falsas e verdadeiras que faça o cliente ter medo ou rangar-se e recuar. Nenhum cliente vai telefonar ao fornecedor a confrontá-lo seja com que acusações for, afasta-se e deixa de dar notícias.

Como me conseguiram cortar o acesso ao mercado pressionaram-me então para que fizesse trabalho de investigação, para que desenvolvesse algo que não existisse no mercado. Uma perfeita estupidez para uma empresa, uma vez que o mais importante é em primeiro lugar produzir trabalho comercial para financiar o futuro da empresa.

Como a estratégia consiste em descredibilizar completamente os alvos, obviamente que todas as pessoas que trabalhavam comigo foram fortemente atacadas, umas directamente outras através das famílias delas. Tudo serviu para me describilizar, mentiras, verdade, ninguém quis saber. As pessoas nunca tiveram coragem de me confrontar, só fui apanhando as coisas pouco a pouco e com base naquilo que às vezes as pessoas se iam descaindo.

Não se iludem aqueles que pensam que a ideia era que fosse trabalhar para uma empresa, que era para me obrigar e a arranjar um emprego como os outros, se assim fosse o dinheiro investido dificilmente teria retorno.

Mas na verdade não tinha grande escolha, com o acesso cortado ao mercado, sem ajuda nenhuma, completamente describilizado não tinha grande escolha senão enveredar por um caminho de investigação que me permitisse recuperar o meu bom nome e os clientes. Via-me obrigado a produzir algo que a concorrência não tivesse, algo que ao tê-lo mentiras/influências não fizessem diferença, porque teria algo único.

Grande erro, porque é um caminho muito complicado e os sociopatas não financiam ninguém, eles apenas fornecerem dinheiro para as pessoas se enforcarem, para que numa altura que ainda têm credibilidade não se liguem às pessoas certas, para que fiquem ali à sua mercê.

Como tal, à medida que os anos foram passando e o trabalho teimando em ser terminado, porque a investigação é mesmo assim, e sob stress ainda anda mais devagar. Fui ficando cada vez mais pobre, mais desacreditado, mais sem amigos, ou conhecidos, o computador mais recente volta e meia dá erros de memória, já é de 2003, o telemóvel colado a fita-cola de 2001 e os óculos riscadinhos devem ser ainda mais antigos.

A partir de certa altura as coisas tornaram-se muito complicadas, não porque não tivesse nada feito e nada pudesse fazer, mas porque ainda não tinha um produto que me permitisse fugir dessas influências negativas.

A título de exemplo, posso apontar vários ataques menores que tive, como promessas de mundos e fundos para colocar o meu trabalho opensource que passam por colocá-lo opensource primeiro. Ou promessas de ajuda que terminaram assim que tiveram acesso ao código. Ou promessas de clientes em troca de de 50% +1 do capital da empresa.

Mas confesso que a maior desilusão que tive foi quando me candidatei a um fundo da união europeia através da ADI, em que me gozaram durante todo o processo, o motivo oficial da rejeição foi que já exista um produto igual no mercado, mas recusaram-se a dizer qual.

Até ao Exmo Sr. Presidente da República me queixei, porque ele na altura andava a convidar os portugueses de sucesso mundo fora a virem para Portugal, e depois ele tem aquela atitude de querer fazer alguma coisa, mas no meu caso nada fez. Publicidade enganosa.

Houve várias pessoas com uma postura de pessoas de bem na nossa sociedade que podiam ter ajudado o projecto, nem que fosse apenas a ter justiça, mas nada fizeram. Tenho pena, não por mim, mas pelo projecto em si, cujo impacto era muito mais vasto e importante para o país que a grande maioria dos projectos que têm sido falados nos últimos anos.

Coincidência ou não, pouco tempo depois de rejeição oficial da ADI e ainda antes do recurso, aceitámos uma oferta de um empréstimo que tinha sido feito ainda antes de submetermos a candidatura. Como estávamos desesperados aceitámos e uns meses depois levá-mos aquilo a que simplesmente se poderia chamar uma tentativa de aquisição hostil.

Como o produto que pretendiam deitar as mãos, está protegido :), recuaram, mas ficou o elogío ao trabalho desenvolvido durante anos ao qual oficialmente ninguém dava valor e afinal...

Aquele ditado português quem desdenha quer comprar, muitas vezes é bem verdade, se eu sou um inútil, como se explica que tanta gente queira que eu coloque opensource, ou lhes passe uma cópia do código, ou uma tentativa hostil de aquisição?

O que me lixa com os gajos que querem que eu coloque opensource, que me tratam como seu eu fosse o mais asqueroso criminoso é que eles recusam-se a arranjar um modelo em que eu ganhe dinheiro, como se isso fosse criminosos. Quer dizer, eu andei aqui anos a trabalhar a fazer isto, e agora dou em troca de nada, e vocês que andaram a fazer outras coisas, foram pagos, compraram carros e casas. Vocês dão-me os vossos carros e as vossas casas? Claro que não.

Então porque é que eu é que tenho de dar aquilo que me deu trabalho a fazer? Vocês não dão nada. Dêm anos da vossa vida, força, eu não vos impeço, agora vocês têm o direito de me tratar como um criminoso por não o fazer?

E eu posso fazê-lo, meus caros? Há uns anos atrás talvez, mas agora com o cancro, tudo ficou muito diferente, as estatísticas optimistas dos médicos dizem uma coisa, mas bora lá a um banco ou a uma agência de crédito ver se eles concordam? Pois aí já ninguém alinha, porque sabem a verdade, mas para tentar aproveitar-se de um gajo com cancro, ninguém se poupa a esforços, vivam os abutres.

Mas reparem bem, eu já levei com tanta pancada e ainda continuo de pé a trabalhar, não sei quanto tempo de vida me resta, não tenho amigos, porque a amizade implica muita coisa que as pessoas hoje em dia nem sequer sabem o que é.

Nenhuns dos que se dizem meus amigos me vieram visitar uma única vez, apenas um me emprestou um computador durante uns meses, mas esse coitado, acho que ele prefere que eu agora o liberte da responsabilidade de ser meu amigo. As coisas estão complicadas com ele e agora ele cavalga mais livremente sem um peso como eu.

E porquê? Não é por eu não ser um amigo de verdade, mas é porque a minha pobreza e a minha descredibilização fizeram com que me colocassem de parte, é mais popular convidar amigos mais ricos, de sucesso, falhados, gajos sem futuro não tem interesse, faz-se de conta que não existem colocam-se de parte.

Mas não se iludam, a situação que eu estou a passar apenas é muito má porque afecta muito o meu sistema imunitário e isso é muito perigoso por causa do cancro, mas eu nem estou, nem nunca fui louco, apenas fui traído em massa por todas as pessoas em que confiava, e o mais giro é que algumas até estavam bem intencionadas.

Perguntam vocês porque é que ao longo destes anos todos, nunca desisti? A resposta é porque tinha muito a perder, perdia de uma vez por todas a possibilidade de recuperar o meu nome. E quanto mais fundo ia, mais a perder tinha.

Em termos de mercado o meu currículo é demasiado off-road, nada das tecnologias típicas que os marketers enfiaram goelas a baixo dos clientes e que estes querem. As pessoas que respeitava no mercado olham-me como se eu não tivesse valor nenhum.

A verdade é que em Portugal sou tratado pior que um criminoso, um toxicodependente ou qualquer outra pessoa, embora ainda continuem a escassear as justificações oficiais, a inveja é uma grande justificação, mas será que justifica tudo?

O meu grande erro foi ter ficado em Portugal, porque o tipo de projecto que tinha em mãos podia ter dado a ganhar dinheiro a muita gente, e noutros países isso está em primeiro lugar. Em Portugal, as pessoas juntam-se para deitar a baixo e não para ganhar dinheiro.

Mas enfim, também as coisas foram feitas para que tivessem acontecido assim, quem me segurou cá sabe muito bem o trabalho e o que lhe custou o fazer.

Por isso compreendo muito bem os sem abrigo e os motivos que os levam a enveredar por aquelas vidas, claro que não têm todos os mesmo motivos, mas pessoas como eu, não é que sejamos más pessoas ou inadaptados na sociedade, é porque simplesmente às tantas perdemos a esperança, não em conseguirmos, mas em valer a pena, em servir para alguma coisa.

Porque entramos numa espiral de autodestruição alimentada por coisas simples em que a única saída é bater com os pés bem no fundo com uma credibilidade avassaladora e uma força de vontade indomável e isso só acontece quando estamos convictos de que vale a pena. Porque até lá o caminho é sombrio e não somos mais do que sombras para a sociedade, por isso é que tantos quando confrontados pelos mesmos obstáculos preferem o suícidio ou a toxicodependência.

Eu ao menos escolhi lutar até ao fim.

22 abril 2009

Justiça vs Ideologias Políticas

Neste momento estou cada vez mais cheio e preocupado com a situação mundial. O motivo é deveras preocupante porque as pessoas estão a confundir a falta de justiça com a falta de comunismo.

Eu não defendo nenhuma ideologia específica, defendo no entanto a necessidade e a importância da justiça, nas suas mais diversas vertentes.

A injustiça de não premiar quem se esforça, é premiar quem não se esforça. É motivar de uma forma generalizada a que todos se encostem e que ninguém nada faça.

Por exemplo, o nosso código do trabalho, é amplamente injusto para os empregadores que empregam a grande maioria dos portugueses, sim porque são pequenas ou médias empresas que não têm a capacidade que as grandes têm para efectuar os abusos.

Então neste caso têm-se um código do trabalho que a população portuguesa considera que é um autêntico ataque aos direitos dos trabalhadores, no entanto a percentagem de trabalhares que efectivamente trabalha em empresas que têm dimensão suficiente para efectuar esses abusos é muito baixa.

Em suma, grande parte dos trabalhadores trabalha em empresas em que acabam por ter mais poder para fazer abusos que a empresa têm para se defender.

Não só é bom para ganhar as eleições, como protege as grandes empresas dos trabalhadores, como as protege das empresas mais pequenas, que assim têm mais dificuldades em crescer.

É uma estratégia comunista, mas serve bem tanto os interesses de governos comunistas como capitalistas.

E na prática ganha a população? Claro que não, porque na verdade assim grande parte da população trabalha em empresas altamente vulneráveis em que um empregado as pode levar à falência. Já para não falar de problemas de falta de concorrência, de crescimento individual, etc, etc.

Mas enfim, são ideias comunistas que colocam em primeiro lugar os interesses dos trabalhadores, mas que na verdade colocam em primeiro lugar os grandes interesses, que num governo comunista são o partido e num capitalista os grandes proprietários.

20 abril 2009

A Preparar o meu Regresso Oficial

Depois de uns longos 8 meses de quimioterapia e 1 mês de radioterapia, eis que finalmente tenho cerca de dois meses até à próxima visita ao hospital. Vamos a ver como corre.

Foram meses um bocado complicados, mas tentei sempre em cada dia dar o meu máximo. Em boa verdade, em muitos casos mais valia ter ficado quieto, porque no meio de inflamações, dores e privação de sono, a qualidade final ficava muito a desejar.

Para ajudar à festa escolhi como tarefa substituir o meu parser interpretado por um parser generator. Antes que entre o descrédito é preciso explicar que o parser interpretado foi uma experiência minha de há já uns bons anos. Que infelizmente devido ao seu sucesso e comportamento aceitável foi recebendo extensões e correcções, mas que agora me estava a demorar algo como 40m em cada build, e umas 3h em testes, o que me estava a impedir a minha progressão a um ritmo aceitável.

Importa ainda esclarecer que a minha máquina é um AMD Athlon XP 2200+ com 1GB e que uso o mono no Fedora, pelo que uma máquina moderna demoraria cerca de 1/3 do tempo.

Seja como for acabou por ser muito importante esta tarefa porque me permitiu manter a sanidade mental e devido à sua complexidade, me impediu de pensar noutras coisas. Não sei se foi um erro fazer um parser generator em vez de fazer um tradutor para o ANTLR, porque em boa verdade tentei ao máximo usar uma boa parte do interpretador. Nem sei se o tempo gasto é mais devido à complexidade se às condições.

Em boa verdade, se eu estivesse a trabalhar numa empresa qualquer eu obrigatoriamente teria de estar de baixa, seria desonesto da minha parte receber o ordenado sabendo que muitas vezes conseguir espremer algumas horas de trabalho só mesmo recorrendo a duas filas de chocolate de cozinha.

Durante 4 meses um amigo meu emprestou-me a máquina dele, um Intel Dual Core a 3Ghz com 2GB com um disco muito rápido, o que me permitiu acelerar muito o trabalho e reavivar a memória em termos da importância de commits frequentes. Um grande abraço, obrigado por tudo, Filipe.

Mas algures durante Janeiro, foi a vez dos tipos do mono me surpreenderem, de repente o parser no build já gastava apenas 4m em vez dos 40m, embora nos testes continue a gastar mais ou menos o mesmo tempo. Claro que não abandonei a meio o generator, mas serviu para mostrar que a "little engine that could" afinal não era a verdadeira culpada.

Bem, tenho de ser sincero e expressar a grande gratidão à minha namorada que apesar da grande crueldade das circunstâncias sempre cuidou de mim, chegando a gastar 2h por dia para me vir dar o almoço, de forma a garantir que eu me alimentava em condições. Para quem não sabe os doentes de cancro durante os tratamentos geralmente têm tendência a ficar subnutridos, não só porque os efeitos secundários muitas leves tiram o apetite como a comida convém ser feita na hora. No meu caso eu nem aguentava o calor do fogão por causa das inflamações.

Sim, foi um verdadeiro martírio, por ventura por vezes pior do que o meu, porque eu de certa forma fui-me alheando de tudo o que podia para conseguir lidar com as coisas. Era até ela que se preocupava com a doença e com os tratamentos. Mas ela conseguiu estar à altura e surpreendeu tudo e todos.

Um grande obrigado, Nobre Estrunfe :D

O mais complicado das circunstâncias foi ter de encarar de frente a verdadeira face das pessoas que tinha à minha volta, na sua grande maioria abutres sanguinários, vulgo sociopatas. Com as suas mentiras e calúnias fácilmente me manipularam ao longo dos anos e afugentaram a maioria das pessoas de mim.

Cheira a teoria da conspiração, mas na verdade é mais simples do que parece, este tipo de pessoas só ataca quando uma pessoa não se pode defender, daí a quererem sempre isolada.

Depois como são os únicos que sabem que o que espalharam é mentira, uma pessoa apenas é boa pessoa para eles, daí a tentação de uma pessoa não os atacar, para além do mais, os outros estão do lado deles, nós somos os monstros e só não nos atacam mais, porque os abutres lhes pedem para não o fazerem.

A verdade? Ninguém quer saber, mesmo que se tenha provas (e tenho), as nódoas não saem e o nome não se limpa, porque são pessoas incrivelmente credíveis.

Depois só se aproximam mais abutres, porque facilmente reconhecem os traços da presa ou são atraídos pelos outros e vêm também tirar um pedaço, não querem ficar para trás.

Confesso que foi engraçado vê-los a contar com a minha morte, cada um com os seus interesses específicos, eu bem sei que alguns ainda continuam a contar com isso. Mas a verdade é que se só por viver chateio muita gente, em breve vou chatear ainda mais.

No entanto confesso que me sinto desapontado por ter perdido tanto tempo com pessoas que simplesmente não valem a pena em deterimento de outras bem mais merecedoras do meu tempo.

Não são desculpas, é um mea culpa.

"It's about how hard you can get hit, and keep moving forward... how much you can take, and keep moving forward." - Rocky Balboa