20 abril 2009

A Preparar o meu Regresso Oficial

Depois de uns longos 8 meses de quimioterapia e 1 mês de radioterapia, eis que finalmente tenho cerca de dois meses até à próxima visita ao hospital. Vamos a ver como corre.

Foram meses um bocado complicados, mas tentei sempre em cada dia dar o meu máximo. Em boa verdade, em muitos casos mais valia ter ficado quieto, porque no meio de inflamações, dores e privação de sono, a qualidade final ficava muito a desejar.

Para ajudar à festa escolhi como tarefa substituir o meu parser interpretado por um parser generator. Antes que entre o descrédito é preciso explicar que o parser interpretado foi uma experiência minha de há já uns bons anos. Que infelizmente devido ao seu sucesso e comportamento aceitável foi recebendo extensões e correcções, mas que agora me estava a demorar algo como 40m em cada build, e umas 3h em testes, o que me estava a impedir a minha progressão a um ritmo aceitável.

Importa ainda esclarecer que a minha máquina é um AMD Athlon XP 2200+ com 1GB e que uso o mono no Fedora, pelo que uma máquina moderna demoraria cerca de 1/3 do tempo.

Seja como for acabou por ser muito importante esta tarefa porque me permitiu manter a sanidade mental e devido à sua complexidade, me impediu de pensar noutras coisas. Não sei se foi um erro fazer um parser generator em vez de fazer um tradutor para o ANTLR, porque em boa verdade tentei ao máximo usar uma boa parte do interpretador. Nem sei se o tempo gasto é mais devido à complexidade se às condições.

Em boa verdade, se eu estivesse a trabalhar numa empresa qualquer eu obrigatoriamente teria de estar de baixa, seria desonesto da minha parte receber o ordenado sabendo que muitas vezes conseguir espremer algumas horas de trabalho só mesmo recorrendo a duas filas de chocolate de cozinha.

Durante 4 meses um amigo meu emprestou-me a máquina dele, um Intel Dual Core a 3Ghz com 2GB com um disco muito rápido, o que me permitiu acelerar muito o trabalho e reavivar a memória em termos da importância de commits frequentes. Um grande abraço, obrigado por tudo, Filipe.

Mas algures durante Janeiro, foi a vez dos tipos do mono me surpreenderem, de repente o parser no build já gastava apenas 4m em vez dos 40m, embora nos testes continue a gastar mais ou menos o mesmo tempo. Claro que não abandonei a meio o generator, mas serviu para mostrar que a "little engine that could" afinal não era a verdadeira culpada.

Bem, tenho de ser sincero e expressar a grande gratidão à minha namorada que apesar da grande crueldade das circunstâncias sempre cuidou de mim, chegando a gastar 2h por dia para me vir dar o almoço, de forma a garantir que eu me alimentava em condições. Para quem não sabe os doentes de cancro durante os tratamentos geralmente têm tendência a ficar subnutridos, não só porque os efeitos secundários muitas leves tiram o apetite como a comida convém ser feita na hora. No meu caso eu nem aguentava o calor do fogão por causa das inflamações.

Sim, foi um verdadeiro martírio, por ventura por vezes pior do que o meu, porque eu de certa forma fui-me alheando de tudo o que podia para conseguir lidar com as coisas. Era até ela que se preocupava com a doença e com os tratamentos. Mas ela conseguiu estar à altura e surpreendeu tudo e todos.

Um grande obrigado, Nobre Estrunfe :D

O mais complicado das circunstâncias foi ter de encarar de frente a verdadeira face das pessoas que tinha à minha volta, na sua grande maioria abutres sanguinários, vulgo sociopatas. Com as suas mentiras e calúnias fácilmente me manipularam ao longo dos anos e afugentaram a maioria das pessoas de mim.

Cheira a teoria da conspiração, mas na verdade é mais simples do que parece, este tipo de pessoas só ataca quando uma pessoa não se pode defender, daí a quererem sempre isolada.

Depois como são os únicos que sabem que o que espalharam é mentira, uma pessoa apenas é boa pessoa para eles, daí a tentação de uma pessoa não os atacar, para além do mais, os outros estão do lado deles, nós somos os monstros e só não nos atacam mais, porque os abutres lhes pedem para não o fazerem.

A verdade? Ninguém quer saber, mesmo que se tenha provas (e tenho), as nódoas não saem e o nome não se limpa, porque são pessoas incrivelmente credíveis.

Depois só se aproximam mais abutres, porque facilmente reconhecem os traços da presa ou são atraídos pelos outros e vêm também tirar um pedaço, não querem ficar para trás.

Confesso que foi engraçado vê-los a contar com a minha morte, cada um com os seus interesses específicos, eu bem sei que alguns ainda continuam a contar com isso. Mas a verdade é que se só por viver chateio muita gente, em breve vou chatear ainda mais.

No entanto confesso que me sinto desapontado por ter perdido tanto tempo com pessoas que simplesmente não valem a pena em deterimento de outras bem mais merecedoras do meu tempo.

Não são desculpas, é um mea culpa.

"It's about how hard you can get hit, and keep moving forward... how much you can take, and keep moving forward." - Rocky Balboa

1 comentário:

Paulo Aboim Pinto disse...

força amigo ... cá te espero pelo teu regresso em fora para mostrar a esses "andrades" que tu tens mais força que eles.

podes sempre contar comigo para uma boa luta ...

vê se te colocas bom para vires depois visitar a minha casa depois das obras.... já que te cortaste à grande para a Paint-Party sob o pretexto de o cheio das tintas poder te fazer mal ....
Quanto a isso só tenho a dizer: FRAQUINHO....

ehehehehehehehehhehe
(brincadeira)

vamos lá colocar esse projecto a funcionar a 100% e provar o teu real valor ...

Célinha ... és a maior .... YOU ROCK....



beijos e abraços
Paulo Aboim Pinto