27 abril 2009

Ilusionismo

O ilusionismo é um espectáculo legal que apenas não é fraude porque o ilusionista se farta de avisar que a magia não existe e que são apenas truques.

O motivo pelo qual funciona é que o nosso cérebro quer apenas respostas simples, não quer explicações complicadas, embora muitos sejam na verdade pequenos movimentos ou distracções que iludem o nosso cérebro, a verdade é que a grande maioria deles são mesmo muito elaborados.

Qualquer um de nós seria capaz de inventar possíveis explicações para a grande maioria dos truques, mas a verdade é que nos sentimos muito inseguros ou mesmo envergonhados em dizê-las alto, de aparentemente tão rebuscadas ou complexas. Pensamos sempre que a verdadeira deverá ser bem mais simples.

Mas a verdade, como pela Internet se encontra ou na série Segredos da Magia que passou na SIC, é que a grande maioria dos truques são efectivamente extremamente complexos e rebuscados, recorrendo a tudo, desde a ilusões ópticas, a máquinas complexas inventadas e fabricadas para o efeito, inúmeros auxiliares nos bastidores, dispositivos tecnológicos high-tech, etc.

No entanto, todos nos continuamos a deixar enganar, porquê? Porque queremos coisas simples. Queremos acreditar que existe uma solução simples mas que simplesmente não conseguimos encontrá-la. Mas mesmo sabendo que não é simples, continuamos à procura da simples, estúpido não é?

O problema desta falha do nosso cérebro é que não é só explorada comercialmente pelos ilusionistas. Na verdade é explorada por um grupo muito vasto da nossa sociedade, os sociopatas, que na realidade se baseiam precisamente neste princípio para levar as suas tramoias avante sem serem apanhados.

Como? Muito simples, elaboram planos extremamente complicados que passam por sangram ou utilizar pessoas para os seus fins, que poderão ser apenas ascensão laboral, política ou social, extorsão, roubo, tráfico de influências, sabotagem, etc.

Aproveitando este princípio aquilo que dizem é muito credível porque não só é extramente plausível, como é extramente simples, como tal o nosso cérebro agarra-se a essas verdades com unhas e dentes como se fossem mesmo verdade. Embora na grande maioria dos casos nem sequer tenham quaisquer factos a sustentar.

A minha história é precisamente uma história assim, muito complicada em que ninguém quer acreditar. De tudo o que me acusam sou culpado apenas de ter feito aquilo que sociopatas me obrigaram a fazer, quer por coação quer por chantagem. Porque na verdade eu bem sabia que as coisas que me obrigavam a fazer me estavam a lixar, mas não tinha escolha porque aceitei ajuda de quem jamais poderia ter aceitado ajuda.

E quando se cai nas garras de sociopatas, é muito complicado sair, as pessoas colocam-se todas do lado deles, por mais provas que se tenha de inocência, de valor, de mérito, de potencial, as pessoas viram-nos todas as costas, cospem-nos na cara, como se fosse-mos os maiores canalhas à face da terra.

Mas claro, os sociopatas reconhecem facilmente a assinatura uns dos outros como tal, percebem que se um anda a pairar em torno de uma pessoa, pessoas ou uma empresa é porque existe ali algo de interessante, mesmo que ninguém mais o assim perceba.

Percebem que existe ali algo de valor que o outro sociopata está a tentar extrair sem dar nas vistas, em termos de empresas normalmente a extratégia passa por levar a empresa à falência, mas de uma forma que ninguém dê valor nenhum, para que ninguém a queira comprar.

Por exemplo, no caso da minha empresa, um dos grupos de sociopatas que se infiltrou tratou de em primeiro lugar redireccionar todos os potenciais clientes para outras empresas, e como infelizmente tinham acesso aos clientes da empresa e me impediram de realizar contratos com os mesmos, conseguiram eficazmente sabotar-me a partir de dentro e por fora.

Uma vez com o contacto de um potencial cliente ou cliente a estratégia é simples, basta um telefonema para o potencial cliente ou cliente fornecendo uma mistura de informações falsas e verdadeiras que faça o cliente ter medo ou rangar-se e recuar. Nenhum cliente vai telefonar ao fornecedor a confrontá-lo seja com que acusações for, afasta-se e deixa de dar notícias.

Como me conseguiram cortar o acesso ao mercado pressionaram-me então para que fizesse trabalho de investigação, para que desenvolvesse algo que não existisse no mercado. Uma perfeita estupidez para uma empresa, uma vez que o mais importante é em primeiro lugar produzir trabalho comercial para financiar o futuro da empresa.

Como a estratégia consiste em descredibilizar completamente os alvos, obviamente que todas as pessoas que trabalhavam comigo foram fortemente atacadas, umas directamente outras através das famílias delas. Tudo serviu para me describilizar, mentiras, verdade, ninguém quis saber. As pessoas nunca tiveram coragem de me confrontar, só fui apanhando as coisas pouco a pouco e com base naquilo que às vezes as pessoas se iam descaindo.

Não se iludem aqueles que pensam que a ideia era que fosse trabalhar para uma empresa, que era para me obrigar e a arranjar um emprego como os outros, se assim fosse o dinheiro investido dificilmente teria retorno.

Mas na verdade não tinha grande escolha, com o acesso cortado ao mercado, sem ajuda nenhuma, completamente describilizado não tinha grande escolha senão enveredar por um caminho de investigação que me permitisse recuperar o meu bom nome e os clientes. Via-me obrigado a produzir algo que a concorrência não tivesse, algo que ao tê-lo mentiras/influências não fizessem diferença, porque teria algo único.

Grande erro, porque é um caminho muito complicado e os sociopatas não financiam ninguém, eles apenas fornecerem dinheiro para as pessoas se enforcarem, para que numa altura que ainda têm credibilidade não se liguem às pessoas certas, para que fiquem ali à sua mercê.

Como tal, à medida que os anos foram passando e o trabalho teimando em ser terminado, porque a investigação é mesmo assim, e sob stress ainda anda mais devagar. Fui ficando cada vez mais pobre, mais desacreditado, mais sem amigos, ou conhecidos, o computador mais recente volta e meia dá erros de memória, já é de 2003, o telemóvel colado a fita-cola de 2001 e os óculos riscadinhos devem ser ainda mais antigos.

A partir de certa altura as coisas tornaram-se muito complicadas, não porque não tivesse nada feito e nada pudesse fazer, mas porque ainda não tinha um produto que me permitisse fugir dessas influências negativas.

A título de exemplo, posso apontar vários ataques menores que tive, como promessas de mundos e fundos para colocar o meu trabalho opensource que passam por colocá-lo opensource primeiro. Ou promessas de ajuda que terminaram assim que tiveram acesso ao código. Ou promessas de clientes em troca de de 50% +1 do capital da empresa.

Mas confesso que a maior desilusão que tive foi quando me candidatei a um fundo da união europeia através da ADI, em que me gozaram durante todo o processo, o motivo oficial da rejeição foi que já exista um produto igual no mercado, mas recusaram-se a dizer qual.

Até ao Exmo Sr. Presidente da República me queixei, porque ele na altura andava a convidar os portugueses de sucesso mundo fora a virem para Portugal, e depois ele tem aquela atitude de querer fazer alguma coisa, mas no meu caso nada fez. Publicidade enganosa.

Houve várias pessoas com uma postura de pessoas de bem na nossa sociedade que podiam ter ajudado o projecto, nem que fosse apenas a ter justiça, mas nada fizeram. Tenho pena, não por mim, mas pelo projecto em si, cujo impacto era muito mais vasto e importante para o país que a grande maioria dos projectos que têm sido falados nos últimos anos.

Coincidência ou não, pouco tempo depois de rejeição oficial da ADI e ainda antes do recurso, aceitámos uma oferta de um empréstimo que tinha sido feito ainda antes de submetermos a candidatura. Como estávamos desesperados aceitámos e uns meses depois levá-mos aquilo a que simplesmente se poderia chamar uma tentativa de aquisição hostil.

Como o produto que pretendiam deitar as mãos, está protegido :), recuaram, mas ficou o elogío ao trabalho desenvolvido durante anos ao qual oficialmente ninguém dava valor e afinal...

Aquele ditado português quem desdenha quer comprar, muitas vezes é bem verdade, se eu sou um inútil, como se explica que tanta gente queira que eu coloque opensource, ou lhes passe uma cópia do código, ou uma tentativa hostil de aquisição?

O que me lixa com os gajos que querem que eu coloque opensource, que me tratam como seu eu fosse o mais asqueroso criminoso é que eles recusam-se a arranjar um modelo em que eu ganhe dinheiro, como se isso fosse criminosos. Quer dizer, eu andei aqui anos a trabalhar a fazer isto, e agora dou em troca de nada, e vocês que andaram a fazer outras coisas, foram pagos, compraram carros e casas. Vocês dão-me os vossos carros e as vossas casas? Claro que não.

Então porque é que eu é que tenho de dar aquilo que me deu trabalho a fazer? Vocês não dão nada. Dêm anos da vossa vida, força, eu não vos impeço, agora vocês têm o direito de me tratar como um criminoso por não o fazer?

E eu posso fazê-lo, meus caros? Há uns anos atrás talvez, mas agora com o cancro, tudo ficou muito diferente, as estatísticas optimistas dos médicos dizem uma coisa, mas bora lá a um banco ou a uma agência de crédito ver se eles concordam? Pois aí já ninguém alinha, porque sabem a verdade, mas para tentar aproveitar-se de um gajo com cancro, ninguém se poupa a esforços, vivam os abutres.

Mas reparem bem, eu já levei com tanta pancada e ainda continuo de pé a trabalhar, não sei quanto tempo de vida me resta, não tenho amigos, porque a amizade implica muita coisa que as pessoas hoje em dia nem sequer sabem o que é.

Nenhuns dos que se dizem meus amigos me vieram visitar uma única vez, apenas um me emprestou um computador durante uns meses, mas esse coitado, acho que ele prefere que eu agora o liberte da responsabilidade de ser meu amigo. As coisas estão complicadas com ele e agora ele cavalga mais livremente sem um peso como eu.

E porquê? Não é por eu não ser um amigo de verdade, mas é porque a minha pobreza e a minha descredibilização fizeram com que me colocassem de parte, é mais popular convidar amigos mais ricos, de sucesso, falhados, gajos sem futuro não tem interesse, faz-se de conta que não existem colocam-se de parte.

Mas não se iludam, a situação que eu estou a passar apenas é muito má porque afecta muito o meu sistema imunitário e isso é muito perigoso por causa do cancro, mas eu nem estou, nem nunca fui louco, apenas fui traído em massa por todas as pessoas em que confiava, e o mais giro é que algumas até estavam bem intencionadas.

Perguntam vocês porque é que ao longo destes anos todos, nunca desisti? A resposta é porque tinha muito a perder, perdia de uma vez por todas a possibilidade de recuperar o meu nome. E quanto mais fundo ia, mais a perder tinha.

Em termos de mercado o meu currículo é demasiado off-road, nada das tecnologias típicas que os marketers enfiaram goelas a baixo dos clientes e que estes querem. As pessoas que respeitava no mercado olham-me como se eu não tivesse valor nenhum.

A verdade é que em Portugal sou tratado pior que um criminoso, um toxicodependente ou qualquer outra pessoa, embora ainda continuem a escassear as justificações oficiais, a inveja é uma grande justificação, mas será que justifica tudo?

O meu grande erro foi ter ficado em Portugal, porque o tipo de projecto que tinha em mãos podia ter dado a ganhar dinheiro a muita gente, e noutros países isso está em primeiro lugar. Em Portugal, as pessoas juntam-se para deitar a baixo e não para ganhar dinheiro.

Mas enfim, também as coisas foram feitas para que tivessem acontecido assim, quem me segurou cá sabe muito bem o trabalho e o que lhe custou o fazer.

Por isso compreendo muito bem os sem abrigo e os motivos que os levam a enveredar por aquelas vidas, claro que não têm todos os mesmo motivos, mas pessoas como eu, não é que sejamos más pessoas ou inadaptados na sociedade, é porque simplesmente às tantas perdemos a esperança, não em conseguirmos, mas em valer a pena, em servir para alguma coisa.

Porque entramos numa espiral de autodestruição alimentada por coisas simples em que a única saída é bater com os pés bem no fundo com uma credibilidade avassaladora e uma força de vontade indomável e isso só acontece quando estamos convictos de que vale a pena. Porque até lá o caminho é sombrio e não somos mais do que sombras para a sociedade, por isso é que tantos quando confrontados pelos mesmos obstáculos preferem o suícidio ou a toxicodependência.

Eu ao menos escolhi lutar até ao fim.

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