24 abril 2008

Futebol Futebol

Eu já tinha ouvido da boca de um sociólogo que o que leva as pessoas aos estádios é a sede de violência. Eu já tinha visto que os adeptos gostam quando os jogadores deles dão trancadas nos outros jogadores. Riem-se quando o árbitro não diz nada, protestam quando diz, chamando-lhe nomes.

Quando uma vez perguntei qual era a necessidade de tanta violência, responderam-me que o futebol não era para meninas, que era para homens de barba rija. Ainda insisti porque considero que o futebol pode ser um desporto muito mais bonito, sem violência, sem faltas estudadas, sem farsas, sem mergulhos. Mas responderam-me que o futebol é assim, coisa de macho e riram-se de mim.

Enfim, agora vem um estudo dizer que a cólera é a emoção que os adeptos mais mostram num jogo de futebol.

Bem, que posso eu dizer, que em Portugal se come futebol às pazadas e que não há tempo para brincar com os filhos (apenas 6% dos pais o fazem), que em Portugal os que estudam são discriminados, os que trabalham apupados, os empreendedores ridicularizados, enfim, tugalhados no seu melhor. Nem vou dizer o que penso sobre as novelas.

Mas meus senhores, tenho uma novidade para vocês, os estrangeiros que estão a morar cá em Portugal, brincam com os filhos, preocupam-se e sacrificam-se para que tenham uma boa educação, apoiam-se uns aos outros, e em termos de nascimentos os filhos deles já são 10% dos nascimentos. Não é que não vejam futebol, até porque alguns vêem, mas têm as prioridades bem definidas.

Por isso meus senhores continuem assim, porque de facto, como Portugal continua a apostar no Turismo, vão com certeza existir muitas vagas para servir à mesa, limpeza, auxiliares, enfim...

Porque de facto, enquanto eu vejo a maior parte dos pais a querem Cristianos Ronaldos, e a meter os miúdos no futebol com 3 ou 4 anos. Eu vejo os estrangeiros a apostar na educação dos filhos, no futuro deles. Por cada Cristiano Ronaldo, quantos milhares de jovens desperdiçaram o seu futuro?

Depois queixem-se que só há trabalho precário, que não há bons empregos, pois o problema é a falta de bons empregados, que querem trabalhar, porque quando os há, as empresas querem mantê-los. O problema é que muitos deixam de o ser assim que chegam ao quadro. E por muitos pagam outros mais.

Porque é que não são os trabalhadores em situações precárias a exigir flexisegurança?

Porque flexisegurança, implica trabalhar, e no quadro actualmente, só implica trabalhar, se o empregador conseguir de uma forma clara e legal controlar esse facto, caso contrário, não se faz mesmo nada ou o mínimo que a consciência de cada um dita.

Claro que estas situações levam a que os ordenados sejam muito mais baixos do que poderiam ser, dado que trabalham 2 ou 3, e recebem no final do mês 10 ou 20.

É verdade, a grande verdade, é que andam uns a trabalhar para pagar os ordenados dos colegas que nada fazem e que depois ainda gozam com eles.

Porque gritam trabalho sim, assim é que não? Vocês querem dizer é emprego sim, trabalho não.
Porque a solução existe e as empresas querem, vocês é que não.

Porque vocês sabem como é no futebol, não rende, não joga, não joga, ganha menos, é dispensado.

Agora se vocês quisessem trabalhar, pensavam assim, rendo, jogo, ganho mais, rendo mais ainda, jogo mais ainda, ganho mais ainda.

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